Este texto foi escrito para celebrar as contribuições das mulheres e homens brasileiros imigrantes que a cada dia ao abrirem as portas das suas lojas, escritórios e oficinas, criam emprego, renda e riqueza.
INTRODUÇÃO
Em uma época em que o discurso público tem sido dominado por referências negativas aos imigrantes, construção de muros, e restrições migratórias racistas de forma a “Fazer a América Great Again,” torna-se necessário, mais do que nunca, acentuar as contribuições dos imigrantes, principalmente seu setor empresarial, para a construção de uma América mais próspera e equalitária. Os brasileiros têm um papel importante nesta construção.
Parte dessa história foi descrita no livro Brasileiros nos Estados Unidos: Meio Século (re)fazendo a América (Lima e Castro 2017), que além do balanço dos 50 anos da imigração brasileira para os Estados Unidos, traçamos, de forma abreviada, o perfil dos empresários brasileiros, uma vez que o livro tinha como objeto a análise da população brasileira imigrante como um todo. O presente texto trata, mais profundamente, do papel e das contribuições dos empresários brasileiros neste (re)fazer da América.
Descrevemos aqui, a posição dos empresários brasileiros vis-à-vis os trabalhadores assalariados brasileiros, bem como em relação aos outros empresários imigrantes nos Estados Unidos. Apontamos também suas características demográficas, tipos de negócios e suas contribuições para a criação de emprego, renda e riqueza. O texto distingue, ainda, o aspecto transnacional do empresariado brasileiro, de forma a mostrar a importância deste segmento da classe empreasarial. Finalmente, tratamos da realidade dos empresários retornados ao Brasil, suas empresas e o impacto destes nas suas regiões de origem.
Os empresários brasileiros ao iniciarem seus negócios, criam emprego para si mesmos e, havendo sucesso, criam empregos para seus compatriotas e para a população nativa. Dada a importância econômica, social e política dos empresários brasileiros na vida das comunidades onde se encontram, este tópico torna-se de grande valor acadêmico com implicações importantes para o desenho de políticas de apoio e para a atuação prática.
Os dados utilizados aqui são, principalmente, oriundos de quatro fontes. A primeira fonte foi o Survey of Business Owners (SBO),((U.S. Census Bureau, Survey of Businesses Owners (SOB), 2007.)) ((A única base de dados nacional em que o estatus de imigrante do proprietário é identificável é o Survey of Business Owners (SBO). O SBO é conduzido pelo U.S. Censu Bureau a cada cinco anos para coletar estatísticas que descrevem a composição das empresas dos Estados Unidos por gênero, raça e etnia. O universo da pesquisa mais recente são todas as empresas que operaram durante 2007 com receitas de US$1.000 ou mais que preeencheram formulários de imposto como proprietários individuais, sociedades, empregadores ou qualquer outro tipo de corporação. Seguindo o U.S. Census Bureau ao relatar estatísticas de negócios por raça, as empresas de propriedade de imigrantes são definidas como aquelas com propriedade majoritária de estrangeiros (51%% ou mais). Da mesma forma, empresas pertencentes a não imigrantes são aquelas com propriedade majoritária de pessoas nascidas nos Estados Unidos (51% ou mais).))utilizada para definir as pequenas empresas, ou seja, aquelas empresas com pelo menos um empregado, mas com menos de cem (entre 1 e 99). A segunda, o American Community Survey (ACS),((U.S. Census Bureau, American Community Survey 2010 ACS (Fice-year estimate).)) ((Os microdados do ACS incluem 11,6 milhões de observações para adultos. Usando os dados do ACS, a propriedade de um negócio é determinada pela pergunta, classe de trabalhador, que se refere ao trabalho principal do entrevistado ou atividade de negócio (ou seja, atividade com mais horas) no momento da entrevista. Proprietários de empresas são indivíduos que relatam que são (1) “autônomos em negócios próprios não incorporados, prática profissional ou fazenda” (2) “autônomos em negócios próprios incorporados, prática profissional ou fazenda.” Esta definição inclui proprietários de todos os tipos de negócios – firmas incorporadas, não incorporadas, com empregados ou não. A amostra empregada nas análises inclui todos os proprietários de empresas com 18 anos de idade ou mais que trabalham 15 ou mais horas por semana nos seus negócios. Note que esta definição inclui somente aquelas pessoas cuja atividade principal é o seu negócio, excluindo assim, aqueles que são assalariados mas têm um negócio paralelo ou “bico”)) utilizada para definir as diversas características dos pequenos empresários imigrantes. Estes dois conceitos, pequenas empresas e pequenos empresários são relacionados mas não são idênticos. A necessidade do uso destas duas fontes se dá pelo fato de que a primeira não detalha a origem nacional dos proprietários, enquanto que a segunda faz referência aos proprietários e não às empresas. A terceira fonte utilizada, a tabulação especial feita pelo Fiscal Policy Institute, possibilitou-nos fazer comparações entre os empresários imigrantes.((Fiscal Policy Institute – FPI – Immigrant Small Business Owners – A Significant and Growing Part of the Economy.)) Por fim, o American Community Survey (ACS), Five-Year Public Use Microdata Sample (PUMS), 2011-2015, quarta fonte utilizada, originou os dados para as análises sobre os empresários brasileiros e suas características demográficas.
É comum na literatura sobre o tema empresarial, considerar os empresários imigrantes como trabalhadores autônomos (self-employed) o que apresenta alguns problemas metodológicos. No entanto, na ausência de dados mais precisos, usa-se esta categoria como aproximação da realidade empresarial. De forma a oferecer maior granularidade fazemos distinção entre os indivíduos que trabalham por conta própria em empresas formais ou incorporadas (incorporated businesses) e as informais ou não incorporadas (not incorporated businesses).((É preciso notar que “self-employment” é definido como a atividade principal do indivíduo, dessa forma não incluindo trabalhadores assalariados que tem uma atividade empresarial acessória))
Para uma perspectiva mais teórica sobre as características da produção material e suas variações estruturais tais como a produção sob o trabalho assalariado, a produção para consumo próprio, a produção para complemento da renda e a produção com objetivo do lucro, ver o link: xxxxxx.
As características principais do conceito de trabalhadores autônomos (self-employed) na literatura americana são as seguintes: (1) o trabalhador autônomo é livre para decidir como organizar o seu trabalho,((Métodos, equipamentos,materiais, horários, qualidade do trabalho, remuneração, etc.)) quando trabalhar e quem contratar sem que nenhuma dessas condições sejam estabelecidas por outros em condições de subordinação; (2) os trabalhadores autônomos, em geral, gozam de alguma forma de independência econômica daqueles que lhe fornecem trabalho. Ou seja, eles recrutam seus clientes, determinam o preço dos seus produtos ou serviços e assumem a possibilidade do lucro ou o risco de prejuízo correspondendo assim as principais característica do processo empresarial (Gilles Roy, 1997).
Primeiro descrevemos as principais teorias sobre os fatores determinantes do empreendedorismo imigrante. A seguir exploramos as características do empreendedorismo imigrante nos Estados Unidos seguido por uma breve nota sobre o transnacionalismo entre o empresariado imigrante. Traçamos então o perfil dos empresários brasileiros e suas contribuições para as economias dos países de origem e destino. Por fim, descrevemos o papel do imigrante brasileiro retornado.
FATORES DETERMINANTES DO EMPREENDEDORISMO IMIGRANTE
Várias são as teorias sobre os fatores determinantes do empreendedorismo imigrante. Enquanto algumas teorias enfatizam barreiras no mercado de trabalho, além de outros aspectos estruturais, outras enfatizam características pessoais. Entre as teorias de mais relevo, encontram-se (1) a teoria dos intermediários minoritários (middleman minorities); (2) a teoria dos mercados de enclaves étnicos; (3) a teoria das barreiras no mercado de trabalho; (4) a teoria do capital humano acumulado; e (5) a teoria das mudanças estruturais macroeconômicas dos países avançados.
(1) A TEORIA DOS INTERMEDIÁRIOS MINORITÁRIOS (MIDDLEMAN MINORITIES) – O conceito de “middleman minority” foi desenvolvido no final dos anos 1960. O “intermediários minoritários” ou no nosso caso, “intermediários imigrantes,” são pessoas que atuam como intermediários econômicos, ligando comunidades étnicas de consumidores aos grupos não étnicos, majoritariamente, produtores. Como exemplo clássico, os autores desta teoria citam os judeus na Europa, os chineses no sudeste asiático e os indianos na África (Blalock 1967; Bonacich 1972; Zenner 1991).
A maioria dos proponentes desta teoria enfatizam fatores estruturais, dando maior ênfases ao “gap de status” nas sociedades de acolhimento, como maior determinante do papel econômico, social e político único do intermediário imigrante (Rinder, 1959). Outros pesquisadores enfatizam, nos Estados Unidos, o “gap de status” entre brancos e negros para explicar a concentração de comerciantes judeus, chineses e coreanos nos bairros pobres negros (Capecci 1985; Kim 1981);
Em geral, os “middleman minority” atuam em niches estabelecidos em bairros urbanos pobres de população minoritária ou imigrante abandonados pelo empresários do comércio retalhista ou do setor de serviço da sociedade dominante. É este vazio que é preenchido pelos “middleman minority.”
Dado que estes empresários operam em bairros não co-étnicos, eles não criam relacões sociais intrínsicas com estas comunidades (Zhou, 2004).
(2) A TEORIA DOS MERCADOS DE ENCLAVES ÉTNICOS (ETHNIC-ENCLAVE ENTREPRENEURS) – O conceito de economia de enclave foi desenvolvido inicialmente por Portes e seus colegas baseado na teoria do mercado de trabalho dual (dual labor market theory). ((Wilson and Portes, 1980.)) Estes autores argumentam que a demanda por produtos étnicos dentro da própria comunidade étnica, gera a possibilidade da criação de empresas étnicas para satisfazer estas necessidades. Isto, porque, em geral, as necessidade por produtos e serviços são melhor compreendidas por pessoas que compartilham das mesmas experiências e as conhecem intimamente. A satisfação de necessidades do mercado étnico demanda conexões com setores comerciais dos países de origem, conhecimento das preferências, formas de consumo, etc. Estes empresários atuam também nas áreas de serviços facilitando o assentamento dos imigrantes recém-chegados. Tudo isso, gera vantagens competitivas àqueles negócios étnicos (Aldrich et al. 1985). Aldrich e Waldinger (1990) argumentam no entanto que a existência de enclaves podem provocar uma competição acirrada entre os empresários étnicos podendo limitar as oportunidades empresariais e de crescimento.
Um dos exemplos mais citados é o enclave cubano em Miami. Este enclave continua progredindo, os empresários co-étnicos continuam crescendo, e o espanhol continua sendo a lígua dominante. No entanto, para a maioria dos trabalhadores co-étnicos do enclave, a história não é uma de mobilidade ascendente – um tema da maior importância e pouco estudado (Lowell, 2004).((Exemplos similares podem ser encontrados em New York para trabalhadores chineses (Wong 1987; Mar 1991; Farley 1996). As mulheres dominicanas e colombianas paraecem ser penalizadas por trabalharem em enclaves co-étnico na mesma cidade (Gilbertson 1995; Gilbertson e Gurak 1993.)) Pesquisadores desta matéria encontram poucos exemplos de enclaves equivalentes em outras partes do país.((Este fato pode ser resultante do fato de que os enclaves tradicionais são produtos de histórias específicas, em geral, de exclusão social.))
A “teoria dos enclaves étnicos” difere da teoria do “middleman minority” em dois aspectos. Primeiro, os enclaves étnicos estão estruturados por laços étnicos locais formados por redes complexas de relações sociais. Segundo, os empresários que operam nestes enclaves, são membros destas comunidades e estão ligados a estes mercados étnicos (Zhou, 2004).
Com a formação mais recente de bairros multi-étnicos, estes empresários podem ocupar simultâneamente, o papel de “middleman-minority” e “ethnic-enclave entrepreneurs.” As exeplified by Zhou (2004), um imigrante chinês que opera um restaurante de fast food takeout num bairro Latino, opera enquanto “middleman-minority entrepreneur,” mas ele se torna um “enclave-entrepreneur” quando ele opera o seu restaurante na Chinatown.
Por fim, há uma diferença entre o que é denominado de economia étnica (ethnic economy) e a economia de enclave (enclave economy). A economia étnica engloba empresas de propriedade dos intermediários imigrantes (middleman-minority or middleman-immigrant), assim como os negócios controlados pelos empresários co-étnicos.
(3) A TEORIA DAS BARREIRAS NO MERCADO DE TRABALHO – Diversos autores (Evans 1989; Portes and Zou 1996; Fairlie and Meyer 1996; Borjas 1986) defendem a teoria que os imigrantes são mais empreendedores do que a população nativa porque os primeiros encontram maiores barreiras no mercado de trabalho. Além de várias outras, as principais barreiras citadas são a discriminação racial, o baixo nível educacional, o não domínio do idioma do novo país de residência, as dificuldades de re-credenciamento, a falta de domínio das práticas empresariais locais, além da falta de status legal. Dadas estas barreiras, os imigrantes decidem abrir as suas próprias empresas como meio de geração de renda própria.((Em termos econômicos, estas barreiras reduzem o custo de oportunidade (opportunity cost) do emprego por conta própria aumentando desta forma o contigente de imigrantes neste setor)) Estas barreiras podem operar também de forma relativa com os imigrantes conseguindo colocação no mercado de trabalho mas não desempenhando as atividades profissionais que exerciam nos seus países de origem ou em ocupações não condizentes com o seu nível de formação educacional. O empreendedorismo aparece assim, como a via de incorporação econômica que reduz esta discrepância entre a educação adquirida e as possibilidades no mercado de trabalho.
(4) A TEORIA DO CAPITAL HUMANO ACUMULADO – Esta teoria argumenta que há variação no capital humano acumulado por diferentes grupos étnicos e entre membros de um mesmo grupo. Para seus autores, é esta diferença que faz com que alguns membros destes grupos, aqueles com maior grau de instrução, recursos financeiros ou capital social tenham melhores condições de empreender. Kim, K. C. em suas pesquisas, mostra que os imigrantes chineses, indianos e coreanos educados nos seus países de origem são muito mais propensos a iniciarem um negócio do que os mesmos sem educação universitária (Kim et al. 1989). É interessante ressaltar que, na mesma pesquisa, os autores identificaram que aqueles com diploma universitário em universidades americanas preferiram em maior número o mercado de trabalho.
(5) A TEORIA DAS MUDANÇAS ESTRUTURAIS MACROECONÔMICAS DOS PAÍSES AVANÇADOS – Saskia Sassen, no seu livro The Global City (1991), descreve o processo de declínio da manufatura e o crescimento do setor de serviços, em particular nas cidades globais. Neste contexto, os grandes setores empresariais do setor de serviço criam demanda para atividades de menor valor que são terceirizadas.
Para a autora, o crescimento do empreendedorismo imigrante é resultado de dois processos que ocorrem nas economias desenvolvidas. O primeiro afeta o lado da oferta. O crescimento da população imigrante para estas regiões aumenta a oferta potencial de empresários. O segundo tem relação com a erosão, depois dos anos 1970, da dominação das grandes empresas, criando mercados para os pequenos negócios. Por outro lado, as oportunidades para as pequenas empresas aumentaram também pela terceirização.
As teorias acima mencionadas, ressaltam fatores de “push” como a discriminação no mercado de trabalho e fatores de “pull” como a existência de enclaves étnicos. Na realidade, os dois tipos de fatores provavelmente influenciam a decisão entre o trabalho autônomo (self-employment) e o emprego assalariado. Dois outros fatores não ressaltados anteriormente tem significância na determinação do nível de emprego assalariado ou autônomo. O primeiro, é o tempo de permanência no país, ou seja, o empreendedorismo (self-employment rate) aumenta com o tempo de permanência no país (Borjas, 1986). O outro fator, segundo Clark e Drinkwater (2000), diz respeito às tradições de trabalho autônomo (self-employment) dos imigrantes oriundos de países onde esta forma de trabalho é comum gerando assim algumas vantagens para os imigrantes oriundos destes países.
Apesar de várias teorias, o debate sobre a maior propensão para o empreendedorismo continua com alguns autores argumentando que o empreendedorismo é uma forma de adaptação do imigrante frente a presença de discriminação no mercado de trabalho forçando estes a procurarem nichos marginais de pouco retôrno ao trabalho e investimento (Light 1972). Outros criticam esta perspectiva, sugerindo que o empreendedorismo representa uma forma importante para a integração e progresso econômico dos imigrantes e outros setores minoritários da população americana (Light 1984; Waldinger 1986; Gold 1988; Zhou 1992). O debate é assim resumido por Nithya Gangadhar como “necessity entrepreneurs” e “opportunity entrepreneurs.” Os primeiros por não conseguirem colocação no mercado de trabalho abrem suas empresas para evitar o desemprego e manter seus sustentos. Os segundos, reconhecem e usam as vantagens de novas oportunidades de mercado para iniciarem seus negócios (Nithya and Manohar 2015).
Vale ressaltar ainda as várias teorias de carácter étnico-cultural que põem ênfase na afinidade entre as características culturais e o êxito empresarial. Uma variante destas teorias, bastante comum nos Estados Unidos, desacreditada em vários círculos acadêmicos, é a “teoria” do espiríto empreendedor (entrepreneurial spirit), qualidade atribuída a algumas pessoas ou grupos como dom natural. Estas teorias são questionadas pelos enfoques mais recentes por não darem suficiente importância as condicionantes econômicas estruturais onde os imigrantes empresários operam.
Por fim, o trabalho autônomo (self-employment), é uma forma de atividade econômica diversa e multifacetada. É assim, improvável que uma só teoria explique a razão da sobre-representação dos imigrantes no trabalho por conta própria ou as variações na taxa de empreendedorismo entre pessoas de um mesmo grupo étnico ou entre diferente grupos.
O EMPREENDEDORISMO IMIGRANTE NOS ESTADOS UNIDOS – CONTRIBUIÇÕES ECONÔMICAS E NÃO ECONÔMICAS
É fato estabelecido nos meios acadêmicos, assim como em diferentes círculos políticos, que o empreendedorismo imigrante tem um impacto positivo no crescimento e na prosperidade econômica dos países receptores. Por exemplo, os imigrantes são responsáveis pela abertura de 17% de todas as empresas nos Estados Unidos e representam 13% de todos os proprietários de empresas (Fairlie, 2008). A geração de novos empregos, aumento da demanda interna, abertura de novos mercados, além do aumento da produtividade, são alguns dos impactos dos empresários imigrantes na economia de um país ou região.
O papel dos imigrantes na criação de empresas de alta tecnologia, é outro aspecto importante, como exemplificado a seguir:
(1) Os imigrantes são responsáveis por mais de ¼ de toda as high-tech startups nos Estados Unidos e por cerca de ½ das startups do Vale do Silício (Wadwha, et al. 2007);
(2) 25% das novas empresas focadas nas áreas de engenharia e tecnologia foram fundadas por imigrantes (Wadwha, et al. 2007). Estas empresas tiveram $52 bilhões de dólares em receitas e empregaram 450.000 trabalhadores nos Estados Unidos (Saxenian 1999, 2000);
(3) Imigrantes ou seus filhos, fundaram mais de 40% das empresas da Fortune 500 em 2010 e dez das mais valiosas marcas do mundo (Wadwha, et al. 2007).
Contribuição distinta, mas não de menor valor, é dada pelas pequenas empresas que, em geral, operam em setores mais tradicionais da economia.((Estas pequenas empresas, tendem atrair menos atenção acadêmica do que deveriam.)) O pequeno empresariado imigrante assume papel importante nesse segmento, tendo grande expressão na geração de emprego, renda e riqueza. Além disso, os empresários imigrantes, com frequência, abrem suas empresas em mercados onde a população nativa não está disposta a investir (ou houve desinvestimento por parte desta). Assim, eles assumem protagonismo de grande expressão na estabilização e revitalização das economias das várias cidades e áreas economicamente deprimidas.((Center for Urban Future (2007) – A World of Opportunity, NCFNP (2004), Immigrant and Urban Revitalization.))
Estas pequenas empresas (com número de empregados entre 1 e 99, inclusive), representam 89% de todas as empresas privadas de mesmo porte (4,5 milhões de firmas). Elas representam, ainda, 21% das receitas (US$6 trilhões); 30% do emprego (35 milhões de pessoas) e uma folha de pagamento de US$1,1 bilhão, cerca de 25% da folha total.((Survey of Business Owners – SBO (2007), Análise do Fiscal Policy Institute.))
Os imigrantes são parte importante deste setor.((Estas pequenas empresas tiveram papel importante no progresso econômico de várias comunidades imigrantes do começo do século passado nos Estados Unidos: judia, chinesa, italiana, grega, entre outras (Light 1972))) Segundo estimativas do Fiscal Policy Institute,((Fiscal Policy Institute – FPI (2012) – Immigrant Small Business Owners – A Significant and Growing Part of the Economy.)) em 2007, os pequenos negócios, em que metade ou mais dos donos eram imigrantes, geraram receitas de, pelo menos, US$776 bilhões e empregaram cerca de 4,7 milhões de pessoas. O número médio de empregados nestas empresas era de 11 pessoas, média esta, um pouco menor do que aquela empregada nos pequenos negócios da população americana nativa (13.9 pessoas).
Dos 4,9 milhões de pequenos empresários nos Estados Unidos, 18%, ou seja, 900.000 são imigrantes.((Ibid.)) Essa proporção é maior do que a proporção dos imigrantes na população do país (13%) e ligeiramente menor do que a participação desses na força de trabalho (16%).((Ibid))
Os pequenos empresários imigrantes são oriundos das mais diversas partes do globo. Os mexicanos (12%) são a maioria dos empresários imigrantes, seguidos dos indianos (7%) e dos coreanos (6%). Já os cubanos, chineses e vietnamitas ocupam o quarto lugar, com 4% cada um. Canadenses e iranianos seguem com 3%, à frente dos filipinos, poloneses, italianos, colombianos, taiwaneses, alemães, salvadorenhos, paquistaneses e ingleses, com 2% cada. Os brasileiros são parte do sétimo grupo, com 1% juntamente com outros 27 grupos nacionais.((Anexo I – 50 Principais Países de Origem dos Imigrantes Proprietários de Pequenas Empresas))
Origem dos Empresários Imigrantes

Fonte: U.S. Census Bureau, 2010 ACS (5-year Estimate) FPI Analysis.
As taxas empresariais, que são a porcentagem de pequenos empresários em relação à força de trabalho, diferem também por nacionalidade dos imigrantes. Os grupos com maiores taxas empresariais são oriundos da Grécia (16%), Israel/Palestina (13%), Síria e Irã (12% cada), Líbano e Jordânia (11% cada), Itália e Coréia do Sul (10% cada), África do Sul (9%) e Irlanda, Iraque, Paquistão e Turquia (8% cada). Os brasileiros ocupam o décimo lugar, juntamente com os migrantes oriundos da Alemanha, Portugal e Hong Kong.
Taxas Empresariais em Relação à Força de Trabalho

Fonte: U.S. Census Bureau, 2010 ACS (5-year Estimate), FPI Analysis.
Várias pesquisas apontam para o fato de que o empreendedorismo entre os imigrantes está relacionado ao tempo de permanência nos Estados Unidos. Uma vez estabelecidos, os imigrantes começam a investir em seus negócios, fato este evidente pela taxa maior de empresários entre os imigrantes com mais de dez anos de permanência no país. Entre os imigrantes com dez anos de permanência ou menos nos Estados Unidos, 3,5% são proprietários de uma pequena empresa, enquanto que entre aqueles no país por mais de dez anos essa taxa é de 4,4%. A mesma tendência é confirmada entre os brasileiros residindo nos país por dez anos ou menos, representando 4% dos imigrantes brasileiros proprietários de pequenas empresas. Já aqueles com mais de dez anos, representam 7%, ambas acima da média das taxas empresariais dos outros imigrantes. Os brasileiros assumem o quinto lugar entre os proprietários de pequenos negócios no país, com dez anos ou menos de residência, e o décimo, entre os imigrantes com onze ou mais.
Como ilustrado a seguir, para os imigrantes com até dez anos de residência, o Brasil apresenta-se com 4%, atrás daqueles oriundos de Israel/Palestina (9%); Coréia (7%); Itália, Grécia, Líbano, Síria e Jordânia (6%); Reino Unido, Argentina e Venezuela (5%).
Taxas Empresariais Por Origem dos Imigrantes e Tempo de Estadia

Fonte: U.S. Census Bureau, 2010 ACS (5-year Estimate), FPI Analysis.
Entre aqueles com onze anos ou mais de residência, os brasileiros ocupam o décimo lugar (7%), sendo precedidos por aqueles imigrantes oriundos da Grécia (17%), Israel/Palestina (15%), Síria e Irã (14%), Líbano e Jordânia (13%), África do Sul e Iraque (12%), Turquia (11%), Coreia do Sul, Itália e Paquistão (10%), Argentina, Irlanda, Índia, Egito/República Árabe Unida (9%), Cuba e Taiwan (8%).((Anexoo II – Taxas Empresariais por Origem dos Imigrantes e Tempo de Estadia))
Segundo o American Community Survey (2010 ACS 5-year estimate), os setores com o maior número de empresários imigrantes são: Serviços Profissionais e de Empresariais (141.000 pequenos empresários), seguido por estes no setor de Comércio Varejista (122.000), Construção Civil (121.000), Educação e Serviços Sociais (100.000), e Entretenimento e Hospitalidade (100.000). A maior concentração de

Fonte: U.S. Census Bureau, 2010 ACS (5-year Estimate), FPI Analysis.
empresários imigrantes (28% do total) encontra-se no setor de Entretenimento e Hospitalidade, principalmente hotéis e restaurantes. Os empresários imigrantes constituem, ainda, 26% dos donos de Transporte e Armazenagem, e 22% destes no Comércio Varejista. A figura ao lado ilustra os dez mais comuns tipos de negócios nestes setores, cujo os donos são imigrantes.
Estes negócios podem ser classificados de várias formas. A tipologia criada pelo sociólogo italiano Maurizio Ambrosini (1996)((citado em Solé, Perella e Cavalcanti, 2007.)) sobre as atividades empresariais dos imigrantes, distingue cinco tipos de empresas:
(1) As empresas de orientação étnica que oferecem produtos e serviços étnicos voltados a satisfazer as necessidades das comunidades imigrantes (açougues, padarias, jornais, agências de viagem especializadas, etc.);
(2) empresas intermediárias que ofertam produtos e serviços não étnicos focados nas comunidades étnicas (advogados, contadores, médicos, dentistas, estabelecimentos de comércio de aparelhos eletrônicos e residenciais, construtoras, etc.);((Algumas destas empresas que anteriormente serviam somente suas comunidades, se reestruturam e passam a servir o conjunto da população, inclusive a comunidade nariva. Assim, elas fogem ao risco de saturação mas encontram outros tipos de riscos associados a um mercado mais heterogêneo.))
(3) empresas exóticas que oferecem produtos específicos de seus lugares de origem a um público heterogêneo (espetáculos diversos, restaurantes étnicos, lojas de artesanato, etc.);
(4) empresas generalistas que buscam progeressivamente se apartar de um grupo étnico expecífico para tentar abarcar um mervado cada vez maior que inclui nativos, imigrantes e estrangeiros em geral (bares, estabelecimentos de eletrodomésticos e informática, supermercados, empresas de construção reparação e consultorias, entre outras.);
(5) empresas de refúgio, caracterizadas pela sua marginalidade, que oferecem uma variedade de produtos e serviços (comércio ambulante, manicures ou pedicures a domicílio, etc.).
Sassen (1991), aponta um outro tipo de empresa que se assemelha às empresas intermedárias do esquema de Ambrosini sem que necessariamente haja identificação com o grupo étnico. São os casos de numerosos serviços de limpeza e jardinagem, cuidados pessoais a domicílio, pequenas construções e reparos, serviços elétricos, etc. negócios estes criados pelas mudanças na estrutura econômica pós-industrial dos países desenvolvidos.
Finalmente, segundo documento da Partnership for a New American Economy,((Open for Business – How Immigrants Are Driving Small Business Creation in The United Sates, The Partnership for a New American Economy. August, 2012.)) os imigrantes tem o dobro da probabilidade duas nativos de começar um negócio. Em 2011, imigrantes começaram 28% de todos as empresas americanas embora sejam somente 12,9% da população do país. Apenas uma década antes, em 1996, somente 15% de novas empresas dos Estados Unidos foram fundadas por imigrantes.((ibid.)) Entre 2007 e 2011, os imigrantes fundaram um número maior de empresas do que a sua participação na população nos setores Saúde e Assistência Social (28,7%), Serviços Profissionais e Empresariais (25,4%), Construção (31.8%), Comércio de Varejo (29,1%), Lazer e Hospitalidade (23,9%), Serviços Educacionais (28,7%), Outros Serviços (28,2%) e Transporte e Utilidades (29,4%).((ibid.))
O impacto dos negócios de imigrantes é sentido em todo o país. Em estados onde há grande quantidade de dados disponíveis, os imigrantes estão abrindo negócios a taxas que ultrapassam em muito sua representação na população. Na Califórnia, imigrantes representam 27,2% da população, mas possuem 36,6% de todas as empresas – a total de 676.537 – e iniciam 44,6% de todos os novos negócios. O mesmo pode ser dito de Nova York, onde os imigrantes representam 22,2% dos negócios, e estão iniciando 42,0% dos novos negócios. Padrões similares existem em estados como a Nova Jersey (imigrantes representam 21,0% da população, possuem 28,6% dos negócios, e iniciaram 35,2% dos novos negócios), Flórida (19,4% da população; possuem 29,7% dos negócios, e iniciaram 36,7% dos novos negócios), Texas (16,4% da população; são donos de 24,9% dos negócios, e iniciaram 31,3% dos novos negócios), Illinois (13,7% da população; possuem 20,3% dos negócios, e iniciaram 32,1% dos negócios), Arizona (13,4% da população, são donos de 19,6% dos negócios, e iniciaram 31,5% dos negócios), e a Georgia (9,7% da população; possuem 15,5% dos negócios, e iniciaram 29,5% dos novos negócios).
Embora os imigrantes abram empresas que são em média menores do que a dos nativos em termos de folha de pagamento e número de empregados, eles criam milhões de empregos e pagam bilhões de dólares em folhha de pagamneto aos trabalhadores nos Estados Unidos.((The Partnership for a New American Economy, 2012.)) Coletivamente, as empresas de propriedade dos imigrantes criaram quatro millhões de empregos. Embora a folha de pagamento média de uma empresa de propriedade de imigrantes seja menor (US$252.758) em comparação a de uma empresa de propriedade de um nativo (US$428.546), empresas pertencentes a imigrantes pagam mais de US$120 bilhões por ano aos seus empregados. Juntas, essas empresas ganham bilhões e bilhões de dólares, geram novas receitas fiscais, expandem a folha de pagamento, criam novos empregos e aumentam o consumo na economia.((ibid.))
O empreendedorismo imigrante vai além do sucesso econômico individual. Além de emprego, renda e riqueza, as atividades empresariais dos imigrantes ajudam na reconstrução de redes sociais desarticuladas durante o processo migratório, Estas redes são essenciais para o processo de integração, de mobilidade econômica, e ascensão social dos imigrantes nas sociedades receptoras.((Como argumentado por Min Zhou (2204, 2007), a literatura sobre o empreendedorismo imigrante foca quase que exclusivamente nos impactos econômicos em detrimento das suas várias contribuições sociais.))
A produção e reprodução de recursos e estruturas sociais são produtos de relações complexas que variam de comunidade a comunidade e que, em grande parte, explicam as diferenças nas estruturas de oportunidades que facilitam a integração socio-econômica bem sucedida dos imigrantes da primeira geração e seus descendentes.
Os empresários imigrantes, em particular aqueles localizados nos bairros urbanos que conheceram longo período de declínio, contribuem de forma crítica para a transformação destes bairros em lugares atrativos para viver, trabalhar e para o lazer. Como ressaltado de forma brilhante por Jane Jacobs, estes pequenos negócios têem uma função importante pois quanto mais “olhos nas ruas” mais seguras são as ruas. Esta segurança, o ir e vir das pessoas, o nôvo retaurante étnico que abre as suas portas, os festivais de rua, logo atraem novos residentes, visitantes de outros bairros e mais investimentos, criando assim uma espécie de ciclo virtuoso. O que antes eram bairros abandonados pelas classes médias brancas se tornam, pelo trabalho dos imigrantes e suas empresas e organizações e associações locais, lugares vibrantes com uma base fiscal sólida e crescente nível de empregos para as populações locais.
Nos Estados Unidos este processo tem sido de importância vital para aquelas cidades que conheceram nos anos 1950, 1960, e 1970 declínio considerável. Dezessete das 50 maiores cidades americanas com as maiores populações em 1950 seguiram este padrão de declínio e posterior crescimento com os imigrantes desempenhando um papel importante no processo de renascença. Entre estas cidades estão Baltimore, St. Louis, Detroit, Pittsburg, Boston e Chicago. O crescimento populacional na maioria destas cidades se deve a imigração.
Outro aspecto não menos importante, é que estas empresas representam importantes nós (“nodes”) nas redes de relacionaments sociais estabelecidas por uma comunidade imigrante (“commercial-social networks”), articulando relações entre membros da própria comunidade (“bonding social capital”) e estreitando links com elementos pertencentes a outras comunidades (“bridging social capital”).
Assim, a imigração aumenta o número de empresários que, ao abrirem suas empresas, expandem as economias locais e o emprego, aumentam a demanda de bens e serviços, e facilitam a incoporação de suas comunidades nas sociedades receptoras. Além disso, estas empresas estão embutidas nas comunidades onde elas operam e como tal elas contribuem para a redução do crime, apoiam iniciativas comunitárias, e contribuem para a base tributária.
QUEM SÃO OS EMPRESÁRIOS IMIGRANTES BRASILEIROS?
Segundo o American Community Survey, 61.440 brasileiros imigrantes trabalham por conta própria (self-employed), com 45.894 destes trabalhando de maneira informal (not incorporated businesses) e 15.546 em empresas formais (incorporated businesses).((U.S. Census Bureau. (2015). American Community Survey (ACS). Five-year Public Use Microdata SAmple PUMS). 2011-2015.)) As mulheres representam a maioria dos brasileiros trabalhando por conta própria (55%). No entanto, entre os primeiros, estes trabalhando de modo informal, elas têm maior participação (61%), enquanto somente 39% delas figuram entre os proprietários de pequenas empresas formais.
A Flórida é o estado com a maior concentração de trabalhadores brasileiros que exercem atividades autônomas (23%), seguido de Massachusetts (20%), Califórnia (9,4%), New Jersey (8,5%), New York (8,1%), Connecticut (7,4%), Georgia (4,3%), Texas (3,1%), Pennsylvania (2,7%) e Maryland com 2,6%. Estes dez estados representam 89% destes trabalhadores.((Anexo II – Os Dez Estados com Maior Concentração de Trabalhadores Brasileiros Autônomos – 2015))
Esta distribuição é diferente para os outros imigrantes. A Califórnia detém a maior concentração de imigrantes trabalhando por conta própria (27,1%) seguida do estado da Flórida (11,3%), Texas (11,2%), New York (10,4%), New Jersey (4,1%), Illinois (3,8%), Georgia ( 2,6%), Virginia (2,3%), Arizona (2,2%) e Massachusetts (2,1%).((Anexo IV – Os Dez Estados com a Maior Concentração de Trabalhadores Imigrantes Autônomos – 2015.))
Em vários países avançados, os imigrantes são desproporcionalmente representados entre os trabalhadores por conta própria. Nos Estados Unidos, a taxa empresarial entre dos imigrantes brasileiros, ou seja, a proporção da população imigrante brasileira dedicada ao trabalho autônomo é de 23,1%, quase três vezes a taxa dos outros imigrantes (8,7%) e xx% da população nativa. A Flórida é o estado com a maior taxa empresarial entre os brasileiros (27,4%), seguida
Os empresários brasileiros proprietários de empresas formais estão concentrados na sua maioria
GRAFICO
Quantos somos e onde vivemos?
Idade Meedia, diatribuição por faiza etária…
distribuição po genêro
Estado civil
Taxa de naturalização
período de chegada
Período de chegada dos naturalizados e não naturalizados
Proficiência na Língua inglesa
Nível de Educação
Fomais e informais
Distrubuicao dos empresários brasileiros por estado
origem dos empresarios imigrates
rendimento
nivel de pobreza
nivel de propriedade domiciliar
consdiç˜øes de moradia
CONTRIBUIÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO EMPRESARIADO IMIGRANTE BRASILEIRO PARA O PAÍS DE ORIGEM E DESTINO
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BARREIRAS AO EMPREENDEDORISMO IMIGRANTE BRASILEIRO
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O TRANSNACIONALISMO DO EMPRESARIADO IMIGRANTE BRASILEIRO
Recentemente, o papel transnacional dos imigrantes tem sido destacado na literatura acadêmica. As relações econômicas, sociais, culturais e políticas estabelecidas entre os imigrantes e seus países de origem são exemplos cada vez mais claros deste fenômeno. Este contínuo vai e vem marca uma nova era na história dos movimentos migratórios e os empresários imigrantes transnacionais representam um dos setores mais importantes nestas novas relações. Os empresários transnacionais são indivíduos que migram de um país para outro, mantendo simultaneamente relações comerciais com seus países de origem e com seus países de assentamento (e/ou um terceiro país). Hoje, estes empresários ocupam uma dimensão importante no desenvolvimento econômico dos seus países de origem e exemplificam uma forma adicional de adaptação econômica nos seus países de destino.
O transnacionalismo não é um fenômeno novo uma vez que precedentes podem ser encontrados nas diásporas comerciais da idade média (Curtin 1984) assim como nestas do passado recente (Forner 1997; Piore 1979). O que é novo, é a magnitude e intensidade destas relações. Três fatores são responsáveis por esta intensificação: (1) a revolução nos meios de comunicação e transporte, (2) a globalização das relações econômicas, e (3) o aumento do envolvimento dos países de origem na promoção destas relações transnacionais (Levitt 1997; Glick Schiller e Fouron 1999; Landolt 2000).
As teorias dos intermediários minoritários (middleman minorities) e dos mercados e enclaves étnicos argumenta que a incorporação econômica dos imigrantes não se dá somente via o mercado de trabalho mas também pela via empresarial. No entanto, estas teorias focam somente nos mercados internos. As pesquisas referentes aos empresários transnacionais focam nas relações além fronteiras. Os empresários transnacionais dependem destas relações econômicas para o funcionamento dos seus negócios (Portes e Zhou 1999). Esta via, representa um outro caminho distinto para a incorporação da população imigrante. Portes argumenta ainda que os imigrantes empresários são economicamente mais bem sucedidos do que seus compatriotas assalariados e que os empresários transnacionais mais ainda do que este últimos (ibd.).
Em relação às empresas de imigrantes operando exclusivamente nos mercados locais as empresas transnacionais estão sub-representadas nos setores de serviços pessoais (limpeza, jardinagem, salão de beleza, etc.) e sobre-representados nos setores de telecomunicações, e na prestação de serviços a outras empresas (relações públicas, consultoria administrativa, computer software, etc.). Assim, estes organizam as suas empresas tanto a montante pelo recrutamento de trabalhadores nos países de origem, importação de produtos destes países, subcontratos nestes países, etc. e a jusante, na comercialização dos seus produtos tanto para os mercados co-étnicos locais quanto para os mercados dos seus países de origem (ibid). Os empresários transnacionais assumem assim um papel importante no comércio internacional, investimento e na promoção do turismo da diáspora.
Landolt nos seus estudos sobre a população imigrante salvadorenha residente em Los Angeles e Washington D.C. identificou quatro tipos de empresas transnacionais (Landolt et. al. 1999):
(1) Empresas de Circuito (Circuit Firms) – são empresas envolvidas na transferência de produtos, serviços e remessas entre seus países de assentamento e este de origem;((Para os autores, este tipo de empresa é decorrente do próprio processo migratório, pela necessidade de manter contato com pessoas nos países de origem. Neste sentido, estas empresas são arquétipo das empresas transnacionais.))
(2) Empresas Culturais (Cultural Enterprises) – são empresas que dependem do contato constante com os seus países de origem de forma a satisfazer o desejo dos imigrantes por produtos culturais tais como shows, CDs, newspapers, vídeos, ect.;
(3) Empresas Étnicas (Ethnic Enterprises) – Pequenas empresas que dependem de um fornecimento constante de bens importados tais como alimentos, vestuário, CDs, etc. de forma a servir a comunidade imigrante;
(4) Empresas de Imigrantes Retornados (Return Migrant Enterprises) – empresas estabelecidas por imigrantes retornados que dependem de contato frequente com os países de emigração.
Um desenvolvimento mais recente e, em geral, de maior porte é a associação de empresas de imigrantes no país de destino com empresas dos países de origem na venda, por exemplo, de empreendimentos imobiliários e esquemas de investimentos gerais nos países de origem com os primeiros servindo de intermediários. É comum hoje ter empresas de imigrantes brasileiros como por exemplo a LCRI Realty de Massachusetts, que é especializada em investimentos imobiliários no Brasil para brasileiros residindo nos Estados Unidos. Há também, empresas de imigrantes brasileiros que se especializam no fluxo inverso, isto é servir o brasileiro residente no Brasil nos Estados Unidos. A Piquet Realty é exemplo desta outra ponta. A empresa oferece aos brasileiros residentes no Brasil, serviço de venda de imóveis além de serviço de concierge que dá suporte na manutenção de imóvel residencial, comercial, veículos, além de outros serviços para brasileiros não residentes.
A seguir, descrevemos em mais detalhe, o empresariado brasileiro imigrante retornado e seu impacto econômico nas suas regiões de origem.
O EMPRESARIADO IMIGRANTE BRASILEIRO RETORNADO
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil registrou uma redução da população brasileira imigrante entre 2008 e 2013 de cerca de 20% passando esta de 3 milhões para 2,5 milhões. Segundo a mesma fonte, esta redução foi produto da crise econômica deste período. (retorno.itamaraty.gov.br).
Uma das iniciativas de apoio do governo brasileiro para os retornados foi o projeto Remessas de Recursos e Capacitação para Emigrantes Brasileiros e seus Beneficiários no Brasil, uma parceria entre o Sebrae-Minas, a Caixa Econômica Federal e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). As ações do Remessas focaram nos municípios da região mineira do Vale do Aço e na região da grande Boston em Massachusetts que abriga cerca de 300 mil brasileiros e cerca de 150 empresas que contribuem US$24 milhões para o produto regional, US$40 milhões em vendas, US$2 milhões em impostos locais, estaduais e federais e 700 empregos na região. Mais da metade destes empresários são oriundos de Minas Gerais (53%), seguidos pelo Paraná (14%), Espírito Santo (12%), Rio Grande do Sul (9%), Pernambuco e São Paulo com 4% cada (Lima e Siqueira, 2011).
Pesquisa realizada pelo Sebrae-Minas, ganhar experiência para montar um negócio próprio no Brasil é o objetivo de cerca de 62% das pessoas que residem nos Estados Unidos. O projeto Remessas, beneficiou mais de 2.500 empresários em Minas Gerais e 131 empresas. Em três anos, o Remessas somou quase 1,7 atendimentos a micro e pequenos empresas constituídas com os recursos financeiros remetidos para a região de Governador Valadares e empresas constituídas por imigrantes retornados a Minas. Além da cidade de Valadares, o projeto abrangeu as cidades de Conselheiro Pena, Itabirinha, Mantena e Tarumirim.
Emigrante brasileiro, vai o trabalhador, volta o empreendedor….
Perfil dos Negócios dos imigrantes brasileiros retornados e/ou oriundos de remessas
A dependência de remessas
CONCLUSÃO
O empreendedorismo imigrante tem se tornado um campo de estudo importante nos meios acadêmicos, e objeto legítimo no desenho de políticas econômicas, em particular no que diz respeito a mobilidade econômica e social das populações imigrantes e do crescimento e prosperidade econômica dos países receptores.
A reestruturação das economias dos países ocidentais levou nas últimas décadas a uma profunda reestruturação do mercado de trabalho reduzindo as oportunidades de trabalho nas grandes empresas em favor deste em pequenas empresas e do trabalho autônomo (self-employment). O aumento do fluxo imigratório neste mesmo período complementou este processo provendo mão de obra e mercado para estas pequenas empresas e seu crescimento.
Teorias diversas oriundas da sociologia, antropologia e a economia tentam explicar este fenômeno. As teorias dos mercados de enclaves étnicos e dos intermediários minoritários (middleman minorities) são duas das teorias originais sobre a formação das empresas étnicas argumentando que as empresas étnicas (ou de imigrantes) aparecem quando um empresário começa a satisfazer necessidades específicas dos outros membros das suas comunidades facilitados pela concentração geográficas destas.
As teorias das barreiras de mercado (e outras desvantagens), assim como estas de carácter étnico-cultural são oriundas do campo da sociologia. As primeiras, vêem o empreendedorismo imigrante como um processo em que estes são puxados para o emprego autônomo (push theories) por não conseguirem ingressar no mercado de trabalho formal em contraste com estes que vêem no emprego autônomo uma oportunidade de mercado a ser explorada (pull theories). Os teoristas que põem ênfase na afinidade entre as características culturais e o êxito empresarial acreditam que algumas comunidades têem traços culturais que os levam a uma maior propensão ao emprego autônomo. Outras teorias combinam estas várias abordagens.
Recentemente, há um maior movimento na direção de teorias estruturais que combinam fatores que puxam “push” e que atraem “pull” com estruturas de oportunidade existentes nas economias receptoras tais como alternativas de emprego, leis migratórias, condições de mercado, disponibilidade de capital entre outras.
Este texto contribui para a pesquisa sobre os empresários imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. Os dados revelam que a maioria dos empresários imigrantes brasileiros são mulheres (55%). No entanto, quanto vistos pelo lado da formalidade dos seus empreendimentos, estas representam somente 38% dos empresários no setor formal.
INCLUIR ANEXOS….
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